Ciência e Tecnologia

quarta-feira, 28 de maio de 2008

Sonda Phoenix Chega a Marte

Além de cálculos precisos e estudos feitos sobre Marte por profissionais da Nasa (agência espacial norte-americana), a sonda Phoenix contou com uma "forcinha" da superstição para pousar com sucesso no planeta vermelho. Na noite de domingo (25), os responsáveis pelo controle do procedimento comeram baldes de amendoim.

Segundo o engenheiro brasileiro Ramon de Paula, chefe dessa missão na agência espacial, a prática é uma tradição em momentos decisivos no JPL (Laboratório de Propulsão a Jato), da Nasa, de onde a Phoenix foi controlada. A idéia é trazer sorte para o procedimento, principalmente em missões interplanetárias complexas, como nesse caso.

Há 32 anos, a Nasa não conseguia fazer uma sonda descer em Marte utilizando motores retropropulsores - a tecnologia utilizada pela Phoenix. E em 1999, a sonda Mars Polar Lander se perdeu após tentar chegar ao solo do planeta.

"Foi um grande desafio para a gente, não só do ponto de vista científico, mas também em engenharia. Tivemos que aprender com as nossas falhas, com as sondas que perdemos", conta o engenheiro.

Para pousar em Marte, a Phoenix utilizou a fricção atmosférica do planeta, depois um pára-quedas e motores retropropulsores. Outra grande preocupação foi a abertura correta dos painéis solares, necessários para fornecimento de energia e recarregagem das baterias - qualquer rocha com mais de meio metro nas redondezas poderia atrapalhar essa abertura.

Busca por vida

Durante o período de funcionamento, vai analisar a camada de gelo existente em Marte. Ao estudar as condições e as origens da água no local, a Phoenix vai procurar por outras condições propícias para a vida no planeta, como compostos orgânicos.

A sonda é capaz de coletar pequenas quantidades desses compostos e identificá-los, no próprio planeta. As duas naves Viking, da Nasa, que chegaram a Marte em 1976, não detectaram a existência desses compostos.

Para a Nasa, estudar a água em Marte é chave para descobrir respostas importantes, como se o planeta já teve vida. Segundo a agência, os pesquisadores também podem descobrir maiores informações sobre o processo de mudança climática.

"É importante que fique claro que não estamos fazendo isso só pela experiência científica. É um conhecimento que pode ser aplicado aqui na Terra, para a humanidade. Podemos descobrir como a água desapareceu ou por que ela ficou toda congelada no pólo", afirma de Paula. Para ele, Marte pode ensinar algo para os habitantes da Terra.

"Se descobrirmos como a água desapareceu [no planeta], podemos usar esse conhecimento científico para nos proteger, para não passar por essa fase", afirma.

Ainda nesta semana, a maior parte do controle da missão da Phoenix será transmitido à Universidade do Arizona, que teve papel determinante no desenvolvimento da sonda. A maior parte das análises será feita ali, com o apoio da Nasa.

Uma das principais razões é econômica: a universidade já contribuiu com equipamentos e instalações para a missão - e vai utilizar a força de trabalho de estudantes para a realização de análises.

Fonte : Felipe Maia - Folha Online.