Ciência e Tecnologia

quinta-feira, 13 de maio de 2010

Vulcão na Islândia Pode Durar Meses

O vulcão islandês continua sendo uma ameaça persistente para o transporte aéreo europeu. A volta de sua atividade perturbou diversos aeroportos nos últimos dias. Para analisar melhor o comportamento do Eyjafjallajökull, duas equipes de vulcanólogos europeus foram no início de maio à Islândia. Patrick Allard, do Instituto de Física Global de Paris (CNRS-CEA), faz parte delas, e conseguiu chegar até o cume do vulcão.

Como explicar os caprichos do Eyjafjallajökull? Eles se devem, acima de tudo, às mudanças de direção dos ventos. A erupção continua. Ela começou no dia 20 de março pela emissão tranquila de um magma basáltico fluido (47% de silício) à beira da geleira com 200 metros de espessura que cobre o vulcão. A partir do dia 14 de abril, foi um magma diferente, mais rico em silício (57%), e portanto mais viscoso, chamado de andesita, que irrompeu de maneira explosiva através da geleira, por meio do duto central do vulcão.

A fragmentação violenta desse magma por meio dos gases que ele contém, somada à vaporização inicial da água vinda do derretimento da geleira, gerou grandes colunas de cinzas. Enquanto esse regime eruptivo continuar, o céu europeu permanecerá sob a ameaça das nuvens vulcânicas. Nos últimos dias, observou-se uma produção crescente de cinzas, bem como de sua altura, em coincidência (fortuita ou não) com uma crise sísmica profunda (20-15 km) que anuncia uma nova realimentação do vulcão em magma fresco.

Isso significa que não é mais preciso misturar magma e gelo para produzir cinzas? Exato. Nesse momento estamos lidando com uma pura fragmentação explosiva do magma, sem interação com o gelo (as cinzas emitidas são “secas”). Nós também pudemos verificar isso quando chegamos à beira da cratera, para ali efetuar medições da composição dos gases magmáticos por meio de espectroscopia infravermelha. No entanto, as interações entre magma e gelo continuam sendo muito prováveis, pois ainda há gelo dentro da cratera de 300 metros de diâmetro formada pela erupção, e todo o entorno da geleira está fraturado, com gigantescas fissuras abertas.

A duração da erupção dependerá de sua alimentação em magma e em gás. O monitoramento geofísico detectou as injeções de magma antes e durante a erupção, bem como as deformações associadas a essas injeções. O regime atual sugere que a erupção poderá durar de várias semanas a vários meses. A erupção anterior do Eyjafjallajökull durou mais de um ano, de dezembro de 1821 a janeiro de 1823.

Fonte : Por Hervé Morin - Le Monde. Tradução : Lana Lim.